Num país
onde parece que todos os absurdos estão fadados a acontecer, fica difícil
vislumbrar soluções a curto e médio prazo. O que se vê hoje, nada mais é que o
resultado acumulado da falta de ordem nos mais diferentes níveis de formação da
consciência e percepção das pessoas como cidadãos verdadeiramente inseridos num
projeto de nação. A desordem econômica, social, cultural, moral, aleijou
gerações inteiras! Gerações que não acreditam em seus governantes! Não
acreditam na justiça!
Estamos
falando de gerações perdidas! Abandonadas e negligenciadas! Gerações da sub-educação,
do subemprego, da submoradia. Estou falando de gerações que viram o crime se
organizar, aterrorizar, ostentar poder e seduzir os jovens, enquanto o Estado
se limita à omissão e as velhas desculpas e demagogia de sempre. Falo de
gerações inteiras que viram a corrupção entranhada na politica no país inteiro!
De gerações inteiras que viram a justiça ser cruel apenas aos mais pobres! Enquanto
os ricos, ladrões do dinheiro público, uma justiça paralela, que na linha do
tempo deixou escrito que o crime compensa.
Tudo isso
forjou gerações inteiras sem esperança! Sem perspectivas! A consequência disso,
se reflete num sistema penitenciário repleto de frutos dessa tragédia
brasileira, chamada segurança pública. São essas gerações que se orgulha em
fazer parte de uma facção, que se rebelam dentro de presídios! Matam e
esquartejam com requintes de crueldade! Aliás, o sistema carcerário do país é
só mais um exemplo da total desordem que parece ser regra a tudo que é
responsabilidade do Estado. Onde se presume ressocializar, torna-se escola de
aperfeiçoamento de bandidos. Incompetência padrão no país inteiro!
Agora,
quando a violência e a falta de controle nos presídios resultam em chacinas que
repercutem no mundo inteiro, as autoridades precisam mesmo que constrangidas, admitir
que a questão carcerária chegou ao limite extremo. O Estado não tem o controle
dentro e tão pouco fora dos presídios. A solução não é diferente das demais que
não foram cumpridas antes. Construir presídios, remanejar lideres de facções e
impedir a entrada de celulares e armas. Os problemas crescem, mas as soluções
não saem do papel.
Embora
urgente, a construção de novos presídios só resolveriam a superlotação das
cadeias. Os problemas carcerários não se resume a uma questão meramente
matemática. Investigando bem, vai se chegar em problemas sociais críticos, com
raízes profundas que passam pela formação de cidadãos privados de direitos
básicos, da falta de oportunidades reais de romper ciclos de pobreza e miséria.
Onde o Estado não chegou para dar as mãos preventivamente, antes de apontar
armas e dar voz de prisão.
Se o Brasil
não investir em politicas públicas capazes de mudar efetivamente essa situação,
algo que não se consegue a curto e médio prazo, vai ter sempre que construir
mais e mais presídios para encarcerar grande parte de seus cidadãos,
historicamente marginalizados por seus próprios governantes.
Autor: Autenir Rodrigues de Lima
Assistente de Planej. E Controle
Jateí-MS
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